DEMO,Pedro.Educar
pela pesquisa.4.ed.São Paulo:Autores associados,2000.
Pedro
Demo, em seu livro intitulado "Educar pela pesquisa", traz novos conceitos de
educação, pesquisa e também desenvolve uma teoria sobre o questionamento
reconstrutivo, aluno sujeito e aluno objeto, entre outros,indicando meios de
romper com a educação tradicionalista.
Como
se sabe,um dos objetivos da educação é desenvolver o ouvir, o falar, o ler e o
escrever, ou seja, é formar a competência. O responsável pela educação dos alunos
é o professor e como Pedro Demo afirma, para o professor, não basta ser um
profissional da pesquisa, mas um profissional da educação pela pesquisa, que
torne a pesquisa uma constante na sala de aula, de modo que o aluno deixe de ser
objeto, aquele que não age,mas apenas ouve e recebe o conhecimento por osmose e
passe a ser sujeito, aquele que busca o conhecimento.
À
medida que o aluno se torna um sujeito ativo,ele passa a questionar o
conhecimento e a realidade para saber o porquê das coisas,além de adquirir a
independência crítica.Logo,este questionamento serve para renovar o
conhecimento. Daí denominado ‘’questionamento reconstrutivo’’. O questionamento
reconstrutivo é o cerne da pesquisa, que por sua vez é o cerne da
educação. Pesquisa é a emancipação do aluno à medida que ele questiona a realidade.
O
autor também compara educação e pesquisa,afirmando que ambas lutam contra a
ignorância. ’’A pesquisa busca o conhecimento e a educação busca a consciência
crítica. Ambas valorizam o questionamento. ’’A pesquisa se alimenta da dúvida,de
hipóteses alternativas e superação de paradigmas; ela persegue o conhecimento
novo.
A
crítica feita consiste no fato de que muitas pessoas veem o professor como
instrutor, e se for realmente só este o papel do professor,qualquer um pode ser
professor. Precisa-se de professores pesquisadores, não considerando aqui
pesquisa como a que é feita por mestres e doutores, mas como uma atividade
cotidiana e cujo papel na escola é transformar o aluno objeto m aluno
sujeito. Ele afirma que o aluno pesquisador deve ser como uma criança que a tudo
questiona.Mas o ‘’problema’’ com que ele se depara é a escola,que preza pela
disciplina.
Sobre
o sujeito crítico, diz-se que ele questiona até na vida:há o telespectador
crítico,a mãe crítica, que sabe ler o choro do bebê, o homem que usa a tristeza
para crescer,etc. Mas não basta só pensar. É preciso produzir,pois competência é
inovar,é questionar; é reconstruir o conhecimento todos os dias. Marcos Bagno em
seu livro pesquisa na escola, oferece dicas e alternativas de como trabalhar
gramática na escola através da pesquisa, tornando a disciplina mais
interessante.
Já
foi dito que educação forma a competência e busca a consciência crítica.Mas de
que maneira isso deve ocorrer? Através da orientação dos trabalhos em conjunto
pelo professor. Quanto às propostas do autor, ele diz que o professor deve
repensar o trabalho em equipe para que um componente não fique com todo o peso
nas costas e os demais e os demais não fiquem ociosos;ao invés de carteiras, que
houvesse mesas redondas; ao invés de silêncio, barulho de questionamentos; incentivar
o aluno a procurar livros, textos, fontes; evitar dar tudo pronto, mas pra isso, a
escola deve possuir biblioteca, laboratórios...
O
professor que apenas enche a cabeça dos alunos de coisas reforça a sua condição
de objeto. Ele deve aproveitar o que o aluno traz de fora, pois não é possível
criar conhecimento novo, mas o reconstruimos a partir do que já existe. O aluno
precisa ser motivado a avançar na autonomia da expressão própria. Portanto, no
conceito de pesquisa,é mister haver a relação teoria/prática. O aluno
pesquisador é motivado a buscar, ler, querer saber mais, duvidar, deixar para traz
a condição de objeto. Ele passa de informado a informante.
Agora
o que fazer para motivar o aluno a desenvolver seu questionamento
reconstrutivo? Concorda-se com a solução proposta por Pedro Demo, quando ele
enfatiza a importância de motivações lúdicas e o hábito da leitura,o apoio
familiar e o uso intensivo do tempo escolar. Mas o professor só pode cultivar
esses hábitos nos alunos se ele tiver esses hábitos e para isso, o professor
precisa se expressar de maneira fundamentada,exercitar o conhecimento sempre,a
formulação própria, cotidianizar a pesquisa, além de refazer o material
didático,inovar a prática didática,construir textos científicos e recuperar
constantemente a competência.
Quanto
à forma de avaliação, preconiza-se o acompanhamento dos alunos, o interesse pela
pesquisa, as elaborações próprias e a participação ativa. O aluno deve saber que
ele é avaliado todos os dias.Todas essas considerações acerca de educar pela
pesquisa é com o fim de combater o fracasso escolar,cuja culpa é , em parte,do
sistema e em parte do alfabetizador que dá aula copiada. A formação da
competência do aluno tem a ver com a competência do professor e exatamente por
ainda hoje se ter a visão de que dar aula é fácil é que não se tem investido na
condição profissional do professor., e às vezes o próprio professor não vê a
necessidade de se recapacitar .
Não
há pesquisa somente na escola, mas também e principalmente na Universidade. Há
uma grande expectativa ao se entrar na universidade acerca do que é pesquisa e
muitos jovens acabam se decepcionando ao sair da universidade,pois percebem que
educação superior é um entupimento teórico - sistemático e o tempo letivo se
resume a aula copiada e prova. ’’Mesmo nas públicas ainda há professores que só
se preocupam em dar aula e ensinar a copiar ainda que nessa faz cresça a
pressão sobre a necessidade da pesquisa. ’’Acaba se formando uma elite acadêmica
de professores pesquisadores que se acham especiais. Assim a universidade joga
fora a chance de postar-se no centro do desenvolvimento humano.
Somente uma população competente, munida da
capacidade de questionamento reconstrutivo sólido seria capaz de contrapor-se
ao processo excludente. Quem faz greves? uma população conhecedora de seus
direitos ou uma ignorante?É preciso prezar pela cidadania acadêmica para mudar
a história. A pesquisa é a razão de ser da universidade e a base da
transformação do mero ensino em educação.
Na
universidade,assim como na educação básica,deve haver a recuperação permanente
da competência,do fazer para o saber fazer e sempre refazer. É preciso inovar e
renovar sempre pois vivemos na era da informação e hoje em dia a graduação não
é o bastante devido ao envelhecimento rápido de qualquer profissionalização e
importa mais qualidade do que quantidade de informação. Por isso a importância
de atualizar-se permanentemente.
Pedro
Demo alerta que na universidade há aula copiada.De acordo com Werneck: ’’O
professor finge que ensina e o aluno finge que aprende;preocupado,toma
nota,reproduz na prova. ’’Professor que reprova a maioria dos alunos está
reprovado. Professor bom é aquele que faz pessoas comuns gostarem de
matemática.’’Se na escola o professor não precisa ser um profissional da
pesquisa,já que é um profissional da educação pela pesquisa,na universidade
pesquisa é profissão. Deve-se desde o início incentivar a pesquisa na
universidade pra que o aluno produza sempre e para que a monografia não o pegue
desprevenido.Na maioria das vezes, a monografia é a primeira vez que o aluno
produz algo. Não é à toa que muitos fazem monografia de encomenda.
A
banalização começa com a própria banalização da profissão:qualquer um que dê
aula ou coisa parecida é professor. Portanto, se educação é um processo de
formação da competência humana,educar pela pesquisa é trabalhar a competência
emancipatória e a competência se alimenta do questionamento
reconstrutivo. Logo,cada aluno,em nome da emancipação,precisa tomar iniciativa e
tapar seus buracos por si mesmo. Não faz sentido que aprenda somente o que
consta nos cursos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEMO,Pedro.Educar
pela pesquisa.4.ed.São Paulo:Autores associados,2000.
BAGNO,Marcos.Pesquisa na Escola: o que é,
como Se Faz.São Paulo:Edições
Loyola,2003.