sexta-feira, 24 de abril de 2015

Análise de "The road not taken" by Robert Frost

Two roads diverged in a yellow wood
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth; 


Then took the other, as just as fair
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same, 

 
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back. 


I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference. 


A estrada não trilhada
Num bosque, em pleno outono, a estrada bifurcou-se,
mas, sendo um só, só um caminho eu tomaria.
Assim, por longo tempo eu ali me detive,
e um deles observei até um longe declive
no qual, dobrando, desaparecia…


Porém tomei o outro, igualmente viável,
e tendo mesmo um atrativo especial,
pois mais ramos possuía e talvez mais capim,
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
os tivesse marcado por igual.


E ambos, nessa manhã, jaziam recobertos
de folhas que nenhum pisar enegrecera.
O primeiro deixei, oh, para um outro dia!
E, intuindo que um caminho outro caminho gera,
duvidei se algum dia eu voltaria.


Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro,
nalgum tempo ou lugar desta jornada extensa:
a estrada divergiu naquele bosque – e eu
segui pela que mais ínvia me pareceu,
e foi o que fez toda a diferença.


Tradução de Renato Suttana

Este poema, escrito por Robert Frost, consiste em 4 estrofes de 5 linhas, com um esquema de rimas ABAAB e embora ele seja de uma leitura simples, é bastante profundo, devido às metáforas que o poeta usa, o que nos permite um leque abrangente de interpretações
Basicamente, o locutor do poema, do qual sabemos pouco, após caminhar por um tempo em um bosque, se encontra diante de uma estrada bifurcada, e após contemplar uma delas por um longo tempo, decide, em questão de segundos, por escolher a outra.
Embora o locutor tenha concluído que as duas estradas parecessem iguais no fim, uma delas era mais verdejante, o que foi de certa forma um atrativo para ele, o que fez com que ele a escolhesse, deixando a outra para o acaso, mesmo sabendo da possibilidade de nunca mais trilhá-la.
No entanto, embora, ao analisar este poema, possamos cair no erro de clamar que o locutor escolheu o caminho menos trilhado, a ver pelo penúltimo verso do último parágrafo, se observarmos os dois últimos versos do segundo parágrafo perceberemos que, embora o caminho escolhido fosse mais verdejante, na verdade, nenhuma das estradas era menos trilhada que a outra. Basta lembrar que o título do poema não é "A estrada menos trilhada", mas "A estrada não trilhada".
A estrada bifurcada é uma metáfora antiga que representa a linha da vida, as decisões e dilemas com os quais todos nos deparamos. Todavia, o objetivo do poema não é trazer uma receita de como agir diante de uma tomada de decisões no sentido de escolher sempre o caminho menos percorrido ou aquele que se julga mais correto. Em nenhum momento do poema, é afirmado que o caminho correto foi percorrido. Ambas as estradas foram postas no mesmo nível. Mas uma das intenções de Frost era evidenciar como o presente concreto parecerá ou afetará o futuro.
No último parágrafo (1° verso) , tem-se uma noção deste fato, quando o locutor admite que no futuro, ele contará sobre aquele dia em que ele se encontrou diante de um caminho bifurcado, mas não antes de um suspiro. Pode até parecer irônico que na mente do locutor, a escolha dele tenha feito toda a diferença, mas o fato de ele contar esta história com um suspiro demonstra também a ideia de remorso, o que também é reforçado pelo título.  
Com isso, pode-se afirmar que, ao longo da vida, nenhuma decisão nos parece ser a errada no momento em que a tomamos. Muito mais do que exaltar as diferenças de se ter escolhido aquele caminho que fez toda a diferença, este é na verdade um poema que fala da tendência humana de olhar pra trás e se culpar pelos menores erros cometidos ou pelas oportunidades perdidas. Frost evidencia, no último parágrafo o arrependimento por não ter tido a oportunidade de percorrer o caminho que ele deixou de percorrer. Embora ele tenha afirmado que o caminho escolhido tenha feito toda a diferença, não é possível afirmar que esta tenha sido uma afirmação positiva.
A conclusão a que se chega é que este poema é na verdade uma reflexão de como nossa vida e escolhas presentes afetam nosso futuro...A verdadeira liberdade só é alcançada quando se vive seu próprio caminho. Enfim, as palavras de Frost são profundas!